Euskalduna Studio, do chef Vasco Coelho Santos

(Creme de cabeça de carabineiro, salada de manga e maçã, granizado de caril)

No centro do Porto, ainda que afastado da zona da movida noturna que preenche a baixa da cidade, Vasco Coelho Santos inaugurou, em dezembro passado, o Eukalduna Studio. A visita ao restaurante foi realizada no âmbito da videocrítica do Imperdíveis, do Porto Canal, e é aí que detalho pormenorizadamente cada um dos pratos do menu. Podem visualizar a crítica completa no vídeo disponível na página de facebook do programa. Neste post aprofundarei um pouco mais a minha opinião sobre este projecto gastronómico. 


Ao analisarmos um restaurante, é importante perceber os pressupostos com que este se apresenta ao público. Neste caso, o Euskalduna Studio autodenomina-se como experimental - e eu acrescento ainda disruptivo, como uma das características fortes deste espaço. Não se pense que por aqui se terá a refeição perfeita, pois ao contrário de tantos outros restaurantes, muitos deles galardoados com as afamadas estrelas e que mantêm por meses (ou anos) os mesmos pratos em carta com o intuito de não perder consistência, aqui grande parte do menu está em constante mutação. No Euskalduna, mais do que agradar através de um menu imaculado, convida-se o comensal a entrar numa experiência gastronómica de mais de 10 momentos (neste jantar foram 13), com altos e baixos, através de técnicas, produtos, combinações e texturas pouco comuns, numa viagem que podemos comparar a uma montanha russa, com muitos pratos soberbos, outros tantos bons e um ou outro que poderá não resultar da melhor maneira, quer pelo facto da combinação de elementos não resultar ou simplesmente porque não temos o palato educado para tais sabores, algo que relatei ter sentido (a um nível bem diferente, é certo!) num almoço no Noma, em 2014. 

Tal como na arte, também a gastronomia que se identifica como disruptiva pode originar, entre o imenso prazer que a descoberta de certos pratos geniais nos provoca, algum choque e até um certo desconforto. Mas também isso tem espaço nesta neste tipo de experiências gastronómicas. Mas não se intimidem, até porque o chef Vasco Coelho Santos, aquando da reserva, permite que o comensal identifique ingredientes que, porventura, não suporta. A minha a sugestão? Deixe-se ir na aventura, sem restrições, é assim que conseguirá tirar todo o proveito. 

(Petit fours - Cenoura, nabo e alho)

Um exemplo disso mesmo são os petit fours que foram servidos. Na crítica, por questões de tempo, não foi possível referir esse momento. Nesta altura da refeição foram servidos vários vegetais em forma de goma. O comensal, enquanto estranhava os sabores que levava à boca, era convidado a identificá-los. Um jogo de percepção bem divertido, mas também arriscado... uns chocolates ou biscoitos para acompanhar o café tinham sido uma aposta mais segura, mas não é isso que aqui se pretende. 

Resumindo, o Euskalduna Studio cumpre na perfeição tudo aquilo que se predispõe a dar a conhecer ao comensal. Um espaço inovador, criativo e disruptivo, que promove uma experiência pouco vista em Portugal, e certamente única na cidade do Porto.

"Até à próxima degustação". 


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